segunda-feira, 4 de julho de 2011

ALBERTO RIBEIRO DA SILVA



NOTA EXPLICATIVA

NOTA EXPLICATIVA

Neste blog que fiz com os textos de meu pai, Alberto Ribeiro da Silva, estão seus dois livros – o primeiro “MEU DEPOIMENTO” publicado quando ainda ele estava conosco.

O segundo, intitulado “Lição de Vida”, contém fragmentos diversos. Gostaria de destacar “O FIM DA VIDA”, no qual ele menciona e faz um pedido para um lugarzinho no céu para a mamãe, Zisile.
João Ribeiro da Silva Neto


A vida das pessoas eu percebo,
É como se fora um grande “pau de sebo”
Sobe, desce, escorrega e cai,
Tenta de novo, mas vencer não vai.

Eu também sonhei, tive visões,
Desejei subir, chegar ao pico,
No fim da vida verifico
Que tudo não passou de sonhos, ilusões.

Resta-me agora lutar até o fim,
Pra conseguir do bom Deus
Um lugarzinho junto aos seus.

E se não for pedir demais,
Peço também uma vaguinha
Para a Zisile, que também quer paz.

Eu tenho quase toda certeza,
Que soneto isto não é,
Falta rima e beleza,
Não tem cabeça nem pé.

Fica aí pra quem vier
Mangar de mim se quiser.
Fiz o que veio na mente
Meu amigo não esquente.  

Carta a meu pai Alberto Ribeiro

Nota explicativa

Abaixo uma carta – in memorian – que escrevei para o meu pai Alberto, como se ele pudesse ter lido. Sua passagem ocorreu no dia 5 de abril de 2001. Até hoje, como vocês podem ver, o Mestre Alberto ainda está conosco.

                                                        João Ribeiro da Silva Neto


Fortaleza, 19 de abril de 2001
   Ao meu querido pai Alberto

Papai: gostaria que o senhor pudesse ter concluído mais outro livro, conforme era sua pretensão. Do jeito que nós combinamos, todos os textos que o senhor me entregou foram digitados e estava à espera de mais material. Infelizmente não foi possível, mas tudo bem, o que temos é suficiente.

Minha saudade agora é enorme e mais uma vez chorei. Não fique triste. Fiquei feliz quando sonhei com o senhor quando, pelo telefone, lhe perguntava notícias e  o senhor respondia que “estava tudo bem”, que não tinha acontecido nada, que eu ficasse calmo pois o senhor estava tranqüilo. Saiba que o senhor está agora muito mais presente do que em qualquer dia esteve em nossas vidas. Os seus exemplos de vida sempre serão inesquecíveis para todos nós.

A propósito, estou ainda aprendendo, a cada dia, a pensar e agir que nem o senhor me ensinou durante toda a nossa convivência, onde sempre prevaleceu o diálogo franco e leal de ambas as partes. Procurarei refrear mais o meu temperamento e atitudes fortes, levando a vida como ela deve ser. Graças ao senhor eu aprendi a ser uma pessoa sem orgulho nem vaidades e graças a Deus recebi o dom de não guardar nenhum tipo de rancor.

Pai: resolvi imprimir todos os artigos em ordem alfabética, pois não pude ter a sua ajuda para decidir como seria o próximo livro seu, os capítulos, a seqüência, enfim tudo. Em alguns desses trechos, a exemplo do que aconteceu comigo quando os li, tenho certeza de que seu espírito iluminado brilhou intensamente, deixando aflorar verdades absolutas sobre a vida e outros tantos aspectos que envolveram o seu sentimento de homem correto como o senhor sempre foi.

Logo que puder vou gravar no computador, para nossos familiares e amigos mais íntimos, um CD contendo o seu livro, fotografias suas e de toda a nossa família, do Sítio Cristália e do Sítio Nevada, e nele incluirei também as músicas que o senhor mais gostava. O Alberto Neto, a Cristiane e a Aliete me ajudarão nesta tarefa.

Gostaria muito de poder também, qualquer dia desses, estar ao seu lado, alcançar as graças de Deus que o senhor conseguiu por seus méritos e procedimentos aqui nesta passagem na terra. Eu sei que isso vai ser difícil...

Não se preocupe que vamos tomar conta da mamãe direitinho, certo?
Um grande abraço do seu filho que muito o estima. Até qualquer hora e contaremos todos sempre com sua ajuda.

Não esqueça que “continuamos”... , lembra?

                                                          João Ribeiro da Silva Neto           

LIÇÃO DE VIDA – SUMÁRIO


LIÇÃO DE VIDA – SUMÁRIO


A CACHORRA DO ALMIRO................................................
A INFELIZ PERPETINHA ..................................................
A MERENDA É DE GRAÇA ................................................
A MOCINHA DE JAGUARUANA...........................................
A VIDA COMO ELA É ......................................................
A VIDA DO POBRE .........................................................
A COSTELA DO CACHORRO .............................................
DECADÊNCIA DE UM ÍDOLO ............................................
DICAS PARA “FHC” ENTRAR NA HISTÓRIA ........................
DOIS E ÁS ...................................................................
DUELO DE CANTADORES ................................................
PENSAMENTOS .............................................................
LINGUAGEM DE MATUTO ................................................
ESTOU PRECISANDO DE UM DOIDO .................................
O FIM DA VIDA .............................................................
JUDAS ISCARIOTES - TRAIDOR OU HERÓI? ......................
LIÇÃO DE VIDA .............................................................
MUNDIÇA DE POBRE ......................................................
NA TEORIA TUDO É FÁCIL................................................
NESSE MUNDO TEM GENTE PRA TUDO .............................
NOSSOS CARNEIROS......................................................
NOVOS MANDAMENTOS..................................................
O CARIRI É TERRA BOA .................................................
O COMPADRE “PÉ MOLE” ................................................
O DIA DO POBRE   .........................................................
O DOMINGO DE RAMOS ..................................................
O PAI DO VENTO ...........................................................
NO PARAÍSO TEM MARIMBONDO? .....................................
O PERNETA .................................................................
OS RATOS E O MEL ........................................................
PARA FAZER CORISCO ....................................................
PARÓDIA DO “XOTE DAS MENINAS” .................................
PIADA DE PORTUGUÊS ....................................................
PIADA DE PORTUGUÊS EM VERSOS ..................................
POBRE NÃO TEM VEZ ......................................................
SOBRE O PRECONCEITO ..................................................
PREOCUPAÇÃO NA FLORESTA ..........................................
REFLEXÕES SOBRE A VELHICE .........................................
REFLEXÕES SOBRE A VIDA ..............................................
SOBRE A VOLTA DE JESUS ..............................................
SERÁ QUE EU TENHO RAZÃO? .........................................
VERSOS SOLTOS ...........................................................
OUTROS VERSINHOS ......................................................
AINDA SOBRE CANTORIAS ..............................................
A VIDA SEM LIBERDADE ..................................................
LIÇÕES DE VIDA ............................................................

A CACHORRA DO ALMIRO

O nosso velho e sempre querido Balsas é um município situado no alto sertão maranhense, às margens do fabuloso e lendário Rio Balsas, de tantas recordações da minha infância, onde passei parte da minha vida e onde tenho sepultado os restos mortais do meu inesquecível pai e de outros antepassados, de cujas lembranças a minha mente não conseguiu se libertar.
É, mas o meu propósito nessa crônica  não é exaltar as belezas da minha terra, nem falar dos meus queridos parentes e amigos que foram para o lado de lá, conduzidos pela transitoriedade de vida, na qual, mais cedo ou mais tarde também iremos. O que realmente desejo é deixar registrada uma faceta daquela terrinha de tantos acontecimentos engraçados.
Existiu lá, naqueles longínquos tempos, um cidadão chamado Almiro, que se notabilizou pelas mentiras que espalhava pela cidade pelas histórias fantásticas que contava. Cabra mentiroso por arte do capeta, só abria a boca para contar casos incríveis, alguns dos quais  ficariam na memória de muitos balsenses.
Um dia chegou o Almiro na loja do meu pai, contando uma das suas: disse que  tinha uma cachorra que estava lhe causando desgosto, visto que não podia ser utilizada para caçadas, pois a bicha corria tanto, a velocidade era tão grande que passava da caça.
A partir desse dia, tudo que acontecia: em Balsas e que era fora do comum, quando a coisa passava dos limites, o povo logo dizia:
‑ Essa é que nem a cachorra do Almiro  está passando da caça.
Assim, ficou celebre a cachorra do Almiro e eu conto essa história aqui para  ficar registrado esse fato. Podem acreditar,  que é a pura verdade, o Almiro, era demais.

A INFELIZ PERPETINHA

A memória da gente é uma coisa muito interessante, guarda acontecimentos que se passaram na infância e que ficaram ali arquivados por toda a vida, sempre relembrados, comentados em família e com os amigos, até que um dia vem aquele desejo de passar para o papel, de deixar gravado para que as gerações futuras, quem sabe, possam tomar conhecimento.
Essa é uma história que me foi contada pelos meus pais, e olhe que já se vão quase oitenta anos; nunca esqueci e somente agora estou registrando nessas poucas linhas, sem outra pretensão, se não o de passar para a memória escrita.
Naquele tempo morava numa cidade do interior do Maranhão uma linda jovem de boa família, comportamento exemplar e por todos muito querida e admirada.
Num determinado dia essa cidade foi brutalmente invadida e saqueada por uma tribo de índios selvagens que além de roubarem mantimentos de toda ordem, seqüestraram e conduziram à força essa linda jovem que era conhecida pelo nome de Perpetinha. Foram feitas inúmeras buscas por toda parte sem o menor êxito, quem sabe até por falta de recursos apropriados.
Durante muitos anos as buscas se realizaram com a intensidade possível, mas a verdade é que a pobre moça nunca foi encontrada, embora tenham aparecido algumas pistas através de escritos nos troncos de árvores, onde se lia: “Por aqui passou a infeliz Perpetinha”, por onde se pode deduzir que ela sofria bastante.
Com o passar do tempo que tudo destrói, o caso foi sendo esquecido, como sempre aconteceu nesse mundo de memória curta.  Depois de muitos anos, que para ela devem ter sido uma eternidade, uma equipe de reportagem encontrou aquela que outrora fora uma linda jovem, mas já com uma idade avançada, casada e mãe de muitos filhos. Convidada a voltar para o nosso meio, que chamamos de civilizado, recusou-se visto que a esta altura predominou o amor materno, tão natural em todos os seres viventes.
Agora pergunto: será que essa criatura teria sido mais feliz se tivesse ficado entre nós. Esses são os desígnios de Deus, que não nos cabe julgar. 

A MERENDA É DE GRAÇA

 

Quando eu trabalhava na TV Educativa, onde estive algum tempo na função de contador, fiz uma brincadeira com um dos nossos funcionários, que na época serviu de gozação para todos.
Havia um motorista chamado Josi, muito meu amigo, cabra bom, muito atencioso, mas ficou conhecido como desligado, desses camaradas que não se ligam muito bem nas coisas, meio lunático, e por esse motivo sempre foi alvo de certas piadas e fofocas.
Em uma ocasião, saí com o Josi para tratar de um assunto na Secretaria de Educação do Estado, e como sabia que o caso tomaria um tempo mais ou menos longo, deixei-o lá embaixo e fiz e ele esta recomendação:
- Olha ali Josi, aquela cantina pertence ao Estado, é tudo de graça, não se paga absolutamente nada. Você pode merendar o que entender, que é tudo por conta do cão. É uma das melhores coisas que existem aqui no Ceará.
Subi para tratar dos assuntos e deixei o nosso Josi lambendo os beiços, na certeza de que faria um lanche fora de série. É preciso frisar bem que o Josi era cabra comedor.
Na  hora que eu saí, o Josi se passou para essa cantina foi com gosto de gás. Pediu logo dois sucos de laranja duplos, acompanhados de quatro coxinhas. Depois de alguns minutos mandou o rapaz preparar uma coca-cola e dois sanduíches de presunto. Comeu que nem um cavalo e em seguida ia saindo na maior calma, sem se preocupar com o tamanho da despesa, lembrando-se da minha recomendação. Limpando os dedos num guardanapo de papel e palitando os dentes, na maior cara de pau.
O encarregado da cantina estranhou o fato e perguntou:
- Ei, cidadão, quem é que vai pagar essa despesa?
Ao que o Josi responde na maior calma:
- O Seu Alberto falou que aqui é tudo de graça e que não se paga nada.
Quando eu cheguei, de longe vi logo aquele bololô, na área. Confusão dos diabos, o rapaz da cantina já em ponto de briga. Aí foi que eu entrei para esclarecer a brincadeira.
- Josi, você parece que não tem o juízo certo. Era tudo brincadeira minha, eu pensei que você não ia levar a sério, onde é que já se viu alguma coisa de graça nesse país?
Paguei toda a despesa, o que já era intenção minha. E voltamos para a TV Educativa levando o assunto para servir de fofoca do dia.
Antigamente as coisas por ali eram bem diferentes.

A MOCINHA DE JAGUARUANA

Houve uma época em Fortaleza que a TV CEARÁ, Canal 2, levava ao ar todos os sábados um programa de auditório que ficou muito famoso, o qual era comandado pelo radialista Augusto Borges e a parte musical ficava a cargo do meu filho João Ribeiro, no comando do Conjunto Musical Big Brasa. Este programa alcançou um sucesso muito grande, pois naquele tempo era novidade.
Foi criado um quadro denominado Histórias de Motoristas, onde as pessoas faziam relatos de casos extraordinários vividos pelos profissionais do volante. Foi então que eu compareci para contar o seguinte caso que aconteceu conosco.
Em uma grande festa realizada na cidade de Jaguaruana, animada pelo referido Conjunto Big Brasa, como sempre eu ficava todo o tempo observando o salão de dança, para evitar qualquer problema e atender às eventuais solicitações junto ao grupo musical. A minha presença ali servia também para dar cobertura aos músicos, que naquela época eram jovens inexperientes, uma espécie de segurança.
Notei nessa festa a presença no salão de uma mocinha muito graciosa, bem vestida, cabelos louros, que dançou sozinha e passou por mim diversas vezes, dando voltas ao som daquela música de embalo tocada pela jovem guarda. Observei bem aquela criatura, que dançava quase sempre com a cabeça baixa e nas poucas vezes que olhou para mim, notei uma certa tristeza em seu semblante.
Ao terminar a festa, quando já estávamos todos a postos para o regresso, apareceu assim de repente aquela mocinha, que desejava uma carona na kombi do conjunto, dizendo que morava em um sítio a dois quilômetros da cidade. Educadamente fiz ver a ela que seria impossível, visto que o veículo estava completamente lotado e não ficaria bem a presença dela junto com aquela rapaziada.
Ela não me disse uma só palavra, afastou-se misteriosamente e foi embora, levando em seu redor uma espécie de luz, uma claridade que me deixou confuso. Naquele instante não dei muita importância ao fato, até porque me encontrava bastante cansado pela noite de sono perdida.
Quando chegamos em determinado lugar, mais ou menos no local onde ela tinha dito que morava, notei uma grande movimentação na estrada, indicando que teria havido ali um acidente. Pedi ao motorista que parasse, pois desejava saber o que tinha se passado.
Deparei-me então com uma cena muito triste, uma senhora ainda jovem, ao lado de um cadáver envolvido em um lençol branco, rodeado de parentes e amigos, chorando aquela trágica morte. Tive a curiosidade de perguntar àquela senhora o que tinha acontecido e ela disse que se tratava de sua filha, de 15 anos de idade, que havia sido atropelada na estrada quando se preparava para pegar uma condução até aquela cidade para tomar parte na festa que iria se realizar naquela noite.
Ao levantar o véu que cobria seu rosto fiquei estupefato, pois se tratava daquela bela moça que dançou na minha frente durante o tempo inteiro do baile.
Esta história causou muita celeuma, não faltando quem afirmasse que era um fenômeno parapsicológico. Outros mais sabidos informando que fatos dessa natureza não têm explicação à luz da ciência e que todo esse assunto ainda está envolto em mistério.
E você, caríssimo leitor? Não fosse essa uma história de motorista, o que acha de tudo isso? Pode um espírito voltar e ficar entre nós?
Responda se for capaz.

A VIDA COMO ELA É

Já fui menino contente,
Fui rapaz desmiolado,
Hoje sou velho, carente
Pelos cantos encostado.

Esta é a lei da vida
Devemos nos conformar,
Temos que ganhar na ida,
Para perder quando voltar.

E assim o tempo passa,
Passa tudo num instante,
Tudo na vida é trapaça,
É uma verdade constante.

Não quero ser pessimista,
Nem otimista demais,
Eu quero é dar uma pista
Para quem vier atrás.

Não faça mal a ninguém,
Não deixe para logo mais,
E se puder fazer o bem
Faça sem saber a quem.

Agora para quem veio
Um conselho quero dar:
É o caminho do meio
Que você deve trilhar.

Por estas e mais aquelas,
Vou parar por aqui.
Queira-me bem,
Que não lhe custa um vintém.

A VIDA DO POBRE

A vida do pobrezinho,
Nunca pode ficar boa.
Quando melhora um pouquinho,
Vem um espinho e magoa.

A vida do pobre é tormento.
Diz o novo testamento:
Quem tem muito ganha mais,
Quem não tem fica pra trás.

Mas Deus sabe o que faz,
Eu lhe digo com certeza,
Aquele que está atrás,
Termina na realeza.

É isso que o povo quer,
É isso que o povo diz,
Por isso eu fico feliz
Com o que der e vier.

SOBRE O NOSSO QUERIDO AMIGO RAIMUNDO BELCHIOR,
QUE NÃO GOSTA DE TROCAR DE BERMUDA
(Mora em Ubajara – Ceará, onde tivemos um sítio)


Tudo na vida muda,
Muda tudo neste mundo.
Só não muda a bermuda
Do meu amigo Raimundo.  

A COSTELA DO CACHORRO


As pessoas neste mundo devem ter muito cuidado com as coisas que falam, para evitar que possam ser consideradas orgulhosas e prepotentes. Jesus Cristo, o nosso grande mestre nos ensinou que “o que ofende é o que sai da boca e não o que entra”. É uma lição que deve ser observada sempre.
A propósito desse assunto, vou relatar uma cena que se passa entre um cachorro e um porco, no tempo que os bichos falavam: estava um porco muito bem instalado em uma rica pocilga, gozando as regalias de animal rico e, como tal, ostentando aquele orgulho, próprio dos poderosos.
Nessa ocasião vai passando um pobre cachorrinho, maltratado, doente, lascado de tanto passar fome, magro que nem o salário mínimo de um certo país acolá. O porco, com toda a sua imponência e arrogância diz:
- Amigo cachorro, você esta muito magro, tome cuidado que eu estou vendo as suas costelas.
O cachorrinho, com toda humildade que tinha, responde em cima das buchas:
- Pois é amigo porco, você com toda essa gordura e tanta saúde está vendo as minhas costelas, e eu, magro e acabado como estou, brevemente vou é comer as suas...
O mundo é assim meu amigo. Tome cuidado no falar.        

DECADÊNCIA DE UM ÍDOLO

Diamante negro é nome que lhe deram
Leônidas da Silva, o nome do batismo
Teve fama no campo do atletismo
Exploraram sua força o que puderam

Entrava em campo com aplausos mil
Saía sempre em triunfo carregado
Hoje, velho, doente e alquebrado
Todos esquecem o atleta varonil.

Assim é a vida no mundo da ilusão
Aqueles lances que há tantos encantavam
São lembranças que veloz se vão

Leônidas, as jogadas se acabaram
A vida para você está no fim
Ficam seus feitos
Gloriosos para mim

Leônidas da Silva foi sem dúvida um dos maiores atacantes do futebol brasileiro em todos os tempos. Criou a célebre jogada denominada “bicicleta”, com a qual decidiu muitas partidas. No seu tempo não contou com a mídia do esporte, que costuma fabricar falsos ídolos com finalidades puramente comerciais. Encantou multidões no mundo inteiro e jogava com verdadeiro amor as suas cores. É um herói que bem merece ser amparado pelas autoridades e pelo povo brasileiro.

Hoje se encontra no ostracismo, esquecido e abandonado por todos, vítima da ingratidão, tão comum neste mundo de ilusões.
Receba esta insignificante homenagem deste velho cronista que sempre o admirou durante toda a trajetória da sua vida.

DICAS PARA “FHC” ENTRAR NA HISTÓRIA

Existiu na antiguidade, não me lembro onde, um rei que foi chamado “VENTUROSO”.
Existiu uma Imperatriz que foi cognominada “A REDENTORA”.
Nosso querido Getúlio Vargas, ficou na história como “O PAI DOS POBRES”.
Com todo respeito que tenho pelo nosso “FHC”, pelo cargo que exerce, tenho pensado muito no epíteto para consagrá-lo nas gerações futuras.
Vou sugerir alguns, para que o povo brasileiro escolha o que melhor se enquadrar no caso.
Vamos lá:
-         FHC - O MENTIROSO;
-         FHC - O PAI DOS RICOS;
-         FHC - O CARRASCO DOS NATIVOS E INATIVOS;
-         FHC - O AMIGO DOS BANQUEIROS;
-         FHC - O ESCRAVO DO “FMI”;
-         FHC - O DEMOLIDOR DE SONHOS;
-         FHC - O TEIMOSO;
-         FHC - O PAI DO “IRREAL”
-         FHC - O ELIMINADOR DA CLASSE MÉDIA;
-         FHC - O MATA VELHOS;
-         FHC - DE FERNANDO A INFERNANDO...
-         FHC - O QUEBRA NÓS.

É mole ou quer mais ? Se quiser, esteja à vontade para meter o cacete, pelo menos para isto a nossa Constituição está servindo. É o único direito que o pobre ainda tem: ESTRIBUCHAR.  

DOIS E ÁS

Essa história de sorte e azar vem desde o começo do mundo e até hoje não houve quem soubesse dar uma explicação convincente para a mesma. Tudo depende do ponto de vista de cada um, achando alguns que cada pessoa já nasce com seu destino traçado, outros, ao contrário, estão certos de que cada um pode construir o seu próprio destino através do trabalho e dedicação. No meu entender as duas correntes até certo ponto têm uma dose de razão, pois existem inúmeros casos em que pessoas que em determinadas fases da vida atravessam grandes dificuldades e depois passaram para o outro lado, obtendo êxito em tudo. Em compensação, conheço casos de cabras que realmente parece que não nasceram para ter as coisas. Aqui no Nordeste corre na boca do povo aquele versinho que diz assim:
 “A bananeira do pobre não dá cacho. A vaca do pobre custa a dar cria e quando dá o bezerro é macho. O pão do pobre só cai com a manteiga pra baixo”.
Aí o seu filho de 10 anos que está do lado, diz: “Pai não é pão não, é beiju com azeite de cocô; e ainda tem uma mais pió - quando cai é mermo inrriba dum cuspe”.
Essa brincadeira vem a propósito de um camarada que conheci na minha terra que era um bom jogador de gamão, mas não tinha sorte nos dados e por este motivo perdia sempre. Teve um dia que a coisa chegou às raias do absurdo. Começou uma partida e notou que todas as vezes que jogava os dados, os mesmos paravam no “dois e ás” um ponto pequeno, no gamão. Aquilo foi irritando o cidadão que atirou os dados em um matagal. Mais tarde, foi procurá-los, por curiosidade, e novamente encontrou os dados marcando os “dois e ás”.
Tomado de verdadeira ira engoliu os dados, e no dia seguinte, na hora de satisfazer as suas necessidades fisiológicas, teve o grande desprazer de verificar que os danados dos dados caíram mais uma vez no “dois e ás”. Aí não prestou, meus amigos. Fez uma fogueira e queimou aquela desgraça de dados, jogando as cinzas no Rio Balsas, ocasião que verificou que as cinzas desciam mansamente em três bloquinhos – um de um lado e dois do outro. Era o velho “dois e ás” infernando a vida do pobre homem.
Vá ter azar assim, nos quintos dos infernos...   

DUELO DE CANTADORES

“PERDI 90 POR CENTO VOU ME ARRUMANDO COM 10”

O primeiro terminou assim:
Eu não gosto de cantar com esse cabra,
Porque além de pobre é velho e além de velho é feio.
O segundo replicou:
Com isso não me aperreio.
Beleza do homem é coisa que me aborrece.
A juventude com o tempo logo desaparece,
Dinheiro no bolso some, logo, logo se evapora,
E não seja tão caipora
Que eu já fui como hoje és.
Perdi noventa por cento,
Vou me arrumando com dez.

PENSAMENTOS

 


A vida é um rio de lágrimas, cujos afluentes são os olhos dos que sofrem .
Tudo no mundo tem fim, menos o sofrimento na espécie humana.
Ninguém é tão rude que não possa aprender alguma coisa, nem tão sábio que nada mais tenha para aprender. 
Eu não tenho medo da morte. Eu tenho  medo é de ter medo.
Não existem homens fortes.
Existem homens que se dizem fortes.

LINGUAGEM DE MATUTO

LINGUAGEM DE MATUTO


Nós era sete irmão,
Tudo nascido no sertão.
Aí fumo crescendo...fumo crescendo...
Depois fumo morrendo...fumo morrendo...
Até que só fiquemo eu, nesse mundão de meu Deus.

ESTOU PRECISANDO DE UM DOIDO

Pela TV Educativa do Ceará têm passado inúmeros superintendentes, mas creio que nenhum deles teve as características e qualidades do Cel. Artur Torres de Melo. Homem de temperamento forte, procurava demonstrar que tinha coração de leão, capaz das atitudes mais violentas enquanto durava aquele ímpeto agressivo.  Logo voltava ao normal e aparecia então a sua verdadeira face. Certa vez chamou ao seu gabinete um funcionário que havia praticado uma irregularidade qualquer. Depois de fazer as mais sérias advertências mandou que o mesmo fosse até a administração para receber as contas. Estava despedido sem perdão, não poderia de modo algum tolerar a presença daquele funcionário nos quadros da TV. Uma verdadeira fera, tudo resolvido, o homem está na rua.
Aí então é que entra aquele amigo para mexer naquele ponto fraco de nosso coronel. Aceitou todas as admoestações e logo tirou da carteira o retrato da mulher e dos seus três filhos, partindo para sua defesa:
- “Meu Coronel, se eu fico sem trabalho, quem é que vai comprar o leite para estas crianças, o senhor tem coragem de deixar esses inocentes passando necessidades, com fome?” Resultado: depois de ouvir atentamente, fazendo aquela choradeira, o que se viu foi o coronel meter a mão no bolso, dar dinheiro para ajudar o rapaz e mandar que voltasse ao trabalho. Estava perdoado. Ele era desse jeito.
Em outra ocasião chamou ao seu gabinete alguns auxiliares da diretoria, para comunicar que estava nomeando um rapaz para exercer a função de locutor. Acontece que alguns companheiros da diretoria começaram a dar palpites no sentido de que não fosse feita a tal nomeação. Opinião de cá, opinião de lá, e o coronel a tudo ouvia sem dizer uma só palavra. Quando tudo terminou, entra o homem com a sentença definitiva:
- Então, quer dizer que vocês acham que este homem é doido? Pois eu vou contratá-lo, justamente por este motivo – Estou precisando de um doido para ver se conserto esta Televisão”.
A verdade é que o jovem foi contratado, revelando-se um ótimo funcionário, cumpridor de seus deveres, atencioso, jamais criou o menor problema para aquela administração e para as futuras. Tenho a impressão de que ainda hoje trabalha por lá.
Episódios como este aconteceram vários, sempre demonstrando a boa índole do Cel. Artur.
É a prova evidente de que “quem vê cara não vê coração”.

O FIM DA VIDA


A vida das pessoas eu percebo,
É como se fora um grande “pau de sebo”
Sobe, desce, escorrega e cai,
Tenta de novo, mas vencer não vai.

Eu também sonhei, tive visões,
Desejei subir, chegar ao pico,
No fim da vida verifico
Que tudo não passou de sonhos, ilusões.

Resta-me agora lutar até o fim,
Pra conseguir do bom Deus
Um lugarzinho junto aos seus.

E se não for pedir demais,
Peço também uma vaguinha
Para a Zisile, que também quer paz.

Eu tenho quase toda certeza,
Que soneto isto não é,
Falta rima e beleza,
Não tem cabeça nem pé.

Fica aí pra quem vier
Mangar de mim se quiser.
Fiz o que veio na mente
Meu amigo não esquente.  

JUDAS ISCARIOTES - TRAIDOR OU HERÓI?

Toda vida tive vontade de escrever alguma coisa tentando resgatar a memória desse personagem do Novo Testamento, que até hoje tem aparecido para o mundo Cristão como um grande traidor, um vilão, um desalmado, que teve coragem de entregar Nosso Senhor Jesus Cristo aos seus algozes.
Ora, meus caros amigos, acho que está na hora de parar, de pensar, colocar a mente para funcionar, de raciocinar com isenção de ânimos e chegar a conclusão de que a coisa não é bem assim.
Traidor, por que traidor? O que ele fez não era do pleno conhecimento de Jesus? Então, não houve traição alguma. O seu ato foi apenas o cumprimento do que estava escrito, foi a consumação de um acontecimento, do qual resultou o surgimento dessa figura maravilhosa que é Jesus Cristo. Não fosse ele, o Judas, fatalmente seria outro predestinado, ou então Jesus não teria sido crucificado. E terminaria os Seus dias como um profeta qualquer, como muitos outros que apareceram naquela época.
Ao que me consta, pelo que tenho lido, o passado de Judas foi limpo.  Era filho único, arrimo de família, sempre trabalhou honestamente para o seu sustento e o de sua mãe. Um dia, ao passar por determinado lugar, ouviu a pregação Daquele homem, que arrebatava multidões e resolveu segui-lo, como o fizeram milhares de outras pessoas.
Segundo tenho lido, a mãe de Judas temeu pela sua sorte e o aconselhou a não acompanhar Jesus, dizendo que Ele estava em missão perigosa, pregando uma nova doutrina que, embora sublime e cheia de sábios ensinamentos, contrariava os poderosos da época, ensinava coisas que os donos da situação não admitiam em hipótese alguma. Era o começo de uma luta que perdura até os nossos dias e pelo que vejo não acabará tão cedo.
O jovem era voluntarioso e não aceitou os conselhos da mãe. Parece que estava dominado por uma força poderosa que o impelia mais e mais no sentido de seguir o Mestre, de O acompanhar, embora sabendo dos perigos e dissabores que iria enfrentar. Seria isto uma determinação de Deus? Se a resposta for afirmativa onde está a culpa de Judas? Se esta terrível missão que lhe foi confiada tivesse sido dada a outro qualquer dos apóstolos, teria sido cumprida fielmente? E se fosse dada a Pedro, teria levado ele a bom termo? São coisas que tenho em mente e que gostaria de vê-las esclarecidas.
No meu entender não existe nesse episódio nada que possa ser considerado um crime para a condenação de Judas. Ele foi apenas um agente da vontade Daquele que era muito mais poderoso do que ele e Soberano do universo.
Pelo que sei, Judas mereceu a total confiança de Jesus, tanto assim que foi o ecônomo, o homem que dirigia as finanças daquele seleto grupo de benfeitores. Foi um fiel companheiro até que, levado por uma força suprema, guiado por alguém que podia mais do que ele, abandonou tudo e foi cumprir a sua triste missão.
Já li também, não lembro onde, que minutos antes de terminar a Santa Ceia, Jesus o liberou, para que tudo se consumasse. Se esta é a verdade - e eu creio que seja - , não existe o menor motivo para se condenar esta criatura, deve ser absolvido pela humanidade inteira, principalmente por nós, cristãos, que amamos a verdade.
Muitas e muitas vezes nós somos conduzidos pelas opiniões dos outros e, assim, levados a cometer erros e injustiças que vão passando de gerações em gerações até o final dos tempos. Acho que ainda é tempo de corrigir essa tremenda falha deste grande júri e formular um apelo a Deus, o grande arquiteto do universo, no sentido de absolver para sempre essa figura do Cristianismo que até hoje tem sido uma vítima de má interpretação.
E você, meu caríssimo irmão, que me diz de tudo isto? Pense bem, reflita com a sabedoria que Deus lhe deu, com a mente limpa e pura e responda de acordo com a sua consciência: Judas Iscariotes é traidor ou herói?

LIÇÃO DE VIDA


Quando eu era jovem, sempre gostei de proclamar que o maior pavor que tinha era a morte. A lembrança que um dia, mais cedo ou mais tarde eu teria que partir para a grande viagem, era para mim um grande tormento.

Por muitos e muitos anos alimentei esse pensamento, até que um dia, em conversa com uma tia que residia em Balsas, e aqui faço questão de registrar o seu nome: Tia Ritinha, ela tirou da minha mente essa tremenda tolice.

Dizia ela, com a sabedoria e bondade que Deus lhe deu: 

- Pois Alberto, abandone de uma vez esse medo que lhe atormenta. Estou completando 75 anos e jamais ouvi falar de uma pessoa que estando determinada para morrer, não morreu porque estava com medo.

Neste mundo não se deve temer nada que faz parte da ordem natural das coisas.
A partir daquele abençoado momento, passei a encarar tudo com mais realismo, passei a ver o mundo de outra forma, certo de que não se deve temer um acontecimento que é inevitável, que vem definitivamente para todas as classes, não é privilégio de ninguém.

São estes pequenos acontecimentos que muitas e muitas vezes se transformam em grandes lições de vida. São pessoas como a minha tia Ritinha, que não tinha grandes estudos, jamais cursou uma faculdade, a não ser a escola da vida, mas assim mesmo conseguia transmitir sábios conselhos, como este que acabo de relatar e que muito me tem servido.

Dou graças ao Grande Arquiteto do Universo, por me ter dado tempo suficiente para refletir sobre estas coisas e mente capaz de assimilar e transmitir para outras gerações essas grandes verdades.

Obrigado Tia Ritinha, que Deus a tenha em um bom lugar.

MUNDIÇA DE POBRE

Essa última vez que estive residindo em Balsas, exercendo a honrosa função de Secretário de Finanças na gestão do meu primo e amigo Bernardino, de saudosa memória, foi bastante proveitosa para mim, no sentido de que voltei a fazer contato com muitos e bons amigos de infância e, deste modo, relembrar acontecimentos pitorescos, que tanto me agradam..
Esteve por lá durante algum tempo um dos filhos ilustres de nossa terra, pertencente à tradicional família Fonseca, que indiscutivelmente merece ser chamada de ilustre família. Trata-se do meu amigo Dr. Humberto Fonseca, engenheiro civil que foi para asfaltar a estrada que liga Balsas a Imperatriz.
Um amigo ofereceu ao Humberto uma quadra de terreno em um dos bairros daquela cidade. Pois bem, o Humberto foi com a sua esposa que é paulista, para visitar o tal terreno. Gostou muito, achou que dava para construir uma bela residência, mas a sua esposa não se agradou do mesmo, a coisa mais natural do mundo, teve receio de não se adaptar com o clima e os costumes da terra.
Aí é que entra o lado pitoresco da história. O Humberto encontrando-se com o nosso amigo Perneta, do qual já falei em outra ocasião, e este, como sempre gostava de meter em todos os assuntos da cidade, fofoqueiro de marca maior, saiu-se com esta:
- Oh  Dr. Humberto, será que a sua muié não quis aquele terreno, num será por causa daquela “mundiça de pobre” que tem morando por lá não?
Ao que Humberto com toda educação respondeu:
- Não, Perneta, a minha mulher é uma  pessoa muito simples, o que acontece é que ela, sendo nascida e criada em São Paulo, naturalmente tem medo de não se acostumar por aqui.
O que me chamou a atenção foi a expressão do Perneta “mundiça de pobre” visto que naquele tempo moravam por lá muitas pessoas humildes, inclusive o próprio Perneta.
Contaram-se há pouco tempo, que este Bairro a que me referi neste comentário, é hoje um dos melhores da cidade. Naturalmente deve ter acabado a mundiça de pobre.
O Perneta faleceu quando eu ainda estava por lá. Acompanhei o seu sepultamento, uma coisa triste, pela extrema pobreza.